Desde a Guerra do Pacífico (1879-1883), a Bolívia não tem acesso ao mar. Nesta guerra, o Chile conquistou a faixa costeira da Bolívia, que passou a se restringir ao território andino. A falta de acesso ao oceano pacífico é uma das razões que impedem a Bolívia a desenvolver plenamente a sua economia. Contudo, o conceito de soberania é ainda mais importante para este país. Por esta razão, a Bolívia move um processo no tribunal internacional de La Haya para exigir que o Chile devolva uma saída soberana para o mar.

O Chile, por sua vez, garante que a Bolívia não está disposta a negociar, mas sim, tenta impor uma solução. Segundo o Chile, ambas as nações firmaram tratados e acordos internacionais que definiam as suas fronteiras e, portanto, a Bolívia tem uma base jurídica fraca para tal reivindicação. Além disso, concordam que os tratados não exigem que o Chile ceda soberania quando negociou a cessão do território boliviano em 1904.

Entretanto, a Bolívia tem argumentos persuasivos que reforçam sua posição no processo. Por exemplo, a Bolívia argumenta que o Chile já mostrou flexibilidade após a Guerra de Pácifico para resolver a questão de acesso ao mar. Mas, seria o Chile e sua vontade de manter sua região fronteiriça intacta o principal ponto de dificuldade neste processo. Outro ponto que a Bolívia defende com ênfase é a questão dos recursos hídricos. Eles alegam que os rios bolivianos que desembocam no Pacífico foram nacionalizados pelo governo chileno, o que impede a Bolívia de ter acesso aos seus próprios recursos hídricos.

A disputa também vai além de questão de acesso ao mar. As consequências podem desestabilizar a região da América Latina, prejudicando a relação entre o Chile e outros países vizinhos, como Peru e Argentina, pelo fato de que a Bolívia pode envolver terceiros países na disputa. Para a Bolívia, ter uma saída soberana para o mar também é fundamental para governabilidade na região e implica uma maior estabilidade do continente, pois aprofunda as relações transfronteiriças e comerciais.

O processo de La Haya é, portanto, um dos instrumentos jurídicos que tentam dar solução à questão de acesso à Bolívia para o mar. Esse processo envolve muitos desafios jurídicos e diplomáticos, para ambos os países. Qualquer decisão terá uma ampla consequência tangível e intangível que vai afetar não só os países envolvidos, mas também a integridade e estabilidade dos países vizinhos.

Independentemente da decisão do tribunal internacional, ambos os países devem continuar a buscar o diálogo e a negociação como solução pacífica. Além disso, a cooperação em diferentes campos, como a infraestrutura, pode ajudar a aproximar os países e promover o desenvolvimento regional. Enquanto isso, os olhos do mundo continuam a se concentrar nesta disputa histórica que tem repercussões profundas na América Latina.